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ASS: Pescador de Sonhos



sexta-feira, 23 de novembro de 2007

O rebelde

O mundo era normal, tudo era normal, nossas amizades eram normais, nossa vizinhança era normal, até ser normal era normal. Tudo mudou com a chegada do Elton.
Ele era um rapazinho rebelde, seguia tudo o que nós não seguíamos, andava de terno e gravata, o cabelo era repartidinho e assentado, tudo nele era social.
Sua família tinha mudado para nossa cidade por causa do emprego que sua mãe havia arrumado.
Elton antes estudava num colégio onde nós desta cidade, se estudássemos lá, seriamos os rebeldes. Mas ele era agora do nosso meio, não é mais o certinho, teria que se comportar como nós nos comportamos ou seria banido da nossa sociedade ou até pior seria isolado como um inútil e imprestável.
Para o azar dele, mudar hábitos não é tarefa fácil então ser isolado era a melhor opção, claro que não para ele, e sim para nós que começamos a conviver, sem que queiramos, com o rebelde.
Quando Elton entrava no ônibus todo o pessoal estava fazendo uma algazarra geral, desde pular no banco até ficar gritando feito loucos, e com o primeiro pé dentro da locomoção para a escola as vozes ficavam mudas, não por respeito à pessoa que entrava e sim pelo horror de mais uma vez compartilhar a mesma condução com aquele serzinho insignificante e desprezível.
Ao chegar à escola não era diferente, todos contornavam o seu caminho, nem os próprios professores davam atenção a ele, a única coisa para que ele servia era para fazer a tarefa.
Ninguém, antes de ele chegar, fazia uma tarefa, na verdade ninguém ligava se nós fizéssemos ou não uma tarefa, mas agora ele fazia e se ele fazia alguém iria querer ver o que estava feito e se estava feito por que os outros não fizeram. Esta era uma lógica bem simples e esse era um dos motivos por todos o odiarem. Por que ele tinha que fazer a tarefa se ninguém fazia?
Contudo foi um problema fácil de resolver, pois se roubássemos as tarefas do armário dele, todo mundo teria ela feita, mesmo sendo igual à de Elton.
Se não fosse por ela, ele continuaria sendo um imprestável, porém fora da escola ainda era um inútil, não saía de casa já tendo idéia do que aconteceria se saísse. O seu único caminho era casa, ônibus, escola e escola, ônibus, casa.
Os dias foram passando e Elton começou a faltar na escola, o que era um alívio para nós, pois se ele faltava não iria mostrar a tarefa, assim ninguém precisaria copiá-la.
Chegou o dia do baile da primavera, um dos bailes mais esperados do ano, foi a primeira vez que alguém se dirigiu, pronunciando alguma palavra à Elton, esse alguém era eu que com o passar do tempo fui amolecendo meu coração e tendo um pouquinho de remorso para com que eu fazia a ele:
__ Eae Elton, já tem um par para o baile?
Ele olha para mim assustado e mudo, ninguém durante seis meses tinha falado uma palavrinha com ele, não conseguia responder. A felicidade de ter sido notado pelo menos uma vez naquela cidade ficou contida somente na garganta não deixando que ele dissesse uma palavra.
A minha índole não deixou por menos, não pude segurar:
__ Depois pra você sem educação somos nós, né? Não sabia que quando alguém pergunta alguma coisa se responde?
Com a minha fala ele se encabulou ainda mais e acabou saindo correndo de vergonha ou medo de que eu descobrisse que estava apaixonado por mim.
Isso mesmo, mas não é quase novidade, se apaixonar pela menina mais bonita da cidade é de praxe.
Mais tarde, às oito horas, horário em que começaria a festa, todos da escola já estavam lá. Eu não tinha parceiro, não queria nenhum macho me atormentando a vida enquanto eu estivesse me divertindo. Tudo estava correndo bem, mas alguém tinha surgido no portão do salão de festas da escola, estava parecendo um príncipe todo encabulado e sem jeito, mas com certeza era o garoto mais bonito do baile, até o presente momento ninguém sabia quem era, nisso todos querendo conhecê-lo começaram a conversar com o garoto. Ele sabia falar muito bem, tinha tamanha facilidade com as palavras e um jeito todo dele de sorrir.
Eu tinha que ir lá trocar umas idéias com aquele garoto, tinha que saber quem ele era, a garota mais bonita da cidade tinha que por obrigação dançar com o mais lindo da festa. Quando enfim cheguei nele comecei a falar e logo me cortou pedindo para dançar uma música comigo.
No instante estava tocando um dance, mas quando chegamos no centro do salão algum engraçadinho trocou a música para uma lenta ele sem pensar duas vezes me abraçou lentamente e eu em seus braços ia seguindo o ritmo que eles me proporcionavam, todos do baile começaram a dar espaço para o nosso dançar e no final da música ele me dá um beijo que instantaneamente eu retribuo. Nunca tinha sentido aquilo antes já havia beijado vários garotos, mas aquele beijo foi diferente parecia que eu estava num colchão de nuvens que me levavam para o infinito.
Depois do beijo e da dança, fomos nos sentar nas cadeiras do salão e lá eu esquecidamente perguntei o seu nome e ele me disse que para mim não poderia mentir, na verdade era o Elton, que havia decidido vir ao baile depois do que eu tinha falado para ele. Vendo que ninguém estava o reconhecendo fingiu ser outra pessoa ou talvez ser o Elton de sempre só que com o nosso rancor tampando nossos olhos não conseguíamos vê-lo assim.
Daquele dia em diante ele começou a se dar bem com todos e sempre com entusiasmo ajudava, quem ele pudesse, nas tarefas. E eu e todos de minha cidade aprendemos a ler o livro antes de jogá-lo fora pela capa.

Um comentário:

Anônimo disse...

Realmente, muitas vezes, demoramos para dar uma chance às pessoas com intuito de que possam mostrar as coisas boas que nelas existem... Temos que torcer sempre para que não seja tarde demais.
bjos