Olá pescadores de plantão agradeço por passarem aqui no meu Lago dos Sonhos e peço pra que, se possível, vcs deixem comentários sobre os textos, afinal sem eles naum terá como eu saber se estão ou não gostando do blog.


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Bjus e espero que gostem


ASS: Pescador de Sonhos



segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

por que ser poeta?


Por que ser poeta?
Antes disso me pergunto
Por que ser alguém?
Ninguém te conhece pelo que és
Talvez nem conheçam o que realmente são
Mas sabem de cor e salteado o que fazes
E também o que não
Sem ao menos desconfiar
Qual o porquê de ser poeta?

É fácil fazer lágrimas acariciarem rostos tristes
É fácil fazer sorrisos rasgarem-se de orelha a orelha
É mais fácil ainda temer ao ponto de sentir baforadas gélidas sobre o ombro
O difícil é ser poeta
E ao mesmo tempo querer ser alguém

Poeta não chora
Poeta não ri
Poeta não teme
Já que todo poeta
Só serve para criar emoção
E nunca provar
Da sua criatura

domingo, 10 de janeiro de 2010

O jogo


Foi uma corrida intensa, ganhei de mais de trilhões de concorrentes, vibrei ao ver aquela esfera me esperando, deliciei-me ao perceber que estava já dentro daquilo que enfim me deixaria viver.

Sentia penas utópicas fazendo-me cócegas, ouvia vozes puras, advindas daquela luz que me acompanhava desde minha concepção, cantando para mim. Sentia transformar-me: tão logo via membros saindo do meu corpo uniforme e disformemente humano, via meu sexo formar-se, via meu ser inteirar-se.

Apenas seis meses, complicações, aquilo que me prendia aos poucos se desgrudava, me sentia um assassino que ao invés de compartilhar da vida daquela que me sustentava, roubava a mesma desta mulher.

Vi outra luz, aquela que me acompanhara já se apagara há tempos, esta era mais forte tanto que me cegara instantaneamente. Pouco a pouco fui retomando minha fraca visão, até ofuscadamente ver os olhos fechados, sua pele se escondia na cor da parede. Era ela. Aquilo doeu por dentro, aquilo me fez calar, meu choro mudo cantava àquele corpo, cantava àquela alma que sorrindo me acariciou e sumiu na alvez da sala de parto.

Cresci, só, naquela máquina, que pensava ser ou parecer aquela que se despedira de mim tão cedo. Apesar de aquecida tinha a frieza de um metal, apesar de aconchegante tinha a morbidez daquela imagem que quisera não ter visto ou já que vira quisera ilusoriamente esquecer.

Recebia visitas constantes de mulheres de branco que pensavam estar me amamentando com o melhor leite, mas pra mim tinha gosto de saudade, saudade daquilo que ainda não vi ou senti.

Chegava a hora de eu receber alta, não entendia pra que, não tinha alguém com quem estar o mais próximo de parentes eram os homens e mulheres de branco além daquela máquina que pensava ser minha mãe.

Fui pequenino pra um orfanato e lá cresci, maltratado, criança represada que crescia querendo ser criança, criança querendo sê-la sem ter espaço psicológico para isso.

Secava as lágrimas todos os dias, o tempo passava e me desidratava enquanto um oceano se formava em minha volta afogando todos que me maltratavam e ao mesmo tempo aqueles que estavam por perto.

Cresci rebelde, cresci mal amado queria para o mundo o que o mundo quis pra mim, mal terminei o colégio já entrei nas drogas, mal tinha dezoito e roubava fortunas e vidas daqueles que indiretamente me fizeram assim.

Minha vida foi desse modo até o simples momento que a vi, relembrava-me algo, olhando pra ela via longe, mas via, era com uma miragem dentro do real, uma luz acalentava-me no simples de vê-la.

Era uma mocinha bem vestida com jeito de riquinha, mas aquilo não me importava, só a imagem dela me fazia enlouquecer.

Lembranças me bombardeavam, nos sonhos vi a imagem daquilo que me calou quando bebê. O tempo passava e me recuperava tanto fora quanto dentro, conseguia aos poucos me desgrudar daquilo que me prendia. Aquele sentimento, que nem sabia ser mútuo, me salvava aos poucos, me fazia esquecer do mundo de ódio que estava, me fazia querer viver.

Fui subindo de um poço imundo mergulhado num lago de ratos, via a luz no fim do túnel me chamando como antes.

Tomei domínio de mim mesmo, por tanto tempo a esperá-la sem ter pressa de chegada nem certeza da mesma, e parti para o ataque, sempre fui desajeitado, bruto, a vida não me ensinou ser diferente disso, mas com ela tentava ser outro tentava desbrutalizar-me, des-desajeitar-me. E com isso fui me aconchegando, aos poucos ela que da primeira vez fugiu, foi com pena me deixando viver. A garota era como criança assustada vendo um animal rente a jaula no zoológico, mas ali não tinha jaula, e mesmo assim algo nos separava, deixávamo-nos distantes, próximos só ao olhar.

Aos poucos a criança perdia o medo daquele bicho, como se ela me domesticasse, me tirasse da jaula e rolasse comigo na grama. Foram poucos os momentos com ela nunca trocamos palavras, somente olhares à distancia.

Mas depois de vários dias após a nossa primeira troca de olhares, acordei com um aperto no peito, havia tido um pesadelo aquela noite, neste eu estava mergulhado num líquido viscoso e no mesmo local uma luz dançava de um lado para o outro sendo a única coisa que iluminava o lugar, mas aos poucos como num negativo de foto aquela luz branca e acalentadora foi tornando-se escura engolindo tudo até mesmo eu que fui me sufocando na agonia até acordar.

Aquele seria o dia em que definitivamente nos encontraríamos, junto com a lembrança do pesadelo em contraste vinha a voz dela nos meus pensamentos, “Amanhã!”, sai do nosso local, do nosso “observatório” mútuo, sorrindo acho que pela primeira vez desde meu nascimento. Por que num dia tão feliz um pesadelo tinha de assombrar a minha vida? Fiquei sabendo a resposta logo que cheguei ao encontro.

Havia uma multidão aglomerada onde a garota sempre esteve durante os dias anteriores, havia viaturas de polícia e faixas isolando o local. Um calafrio enorme passou por mim, aquela luz agora dançava na minha frente, como se eu voltasse ao pesadelo, e de uma gargalhada tenebrosa ouço dizerem do aglomerado “É aquele ali que sempre estava com ela!”.

Não estava entendendo nada, só via braços me algemando e levando-me para uma das viaturas, ao chegar próximo à porta eu sinto uma dor no coração ao ver logo ao lado, ela que contrastava com sua pele branca o piche da rua, mas percebia-se que não era um branco comum era um branco pálido sem vida como era o estado que a moça se encontrava.

Meu coração não sentia mais nada como se ele estivesse anestesiado, não ouvia mais ele batendo, deixava as lágrimas cortarem o meu rosto quando uma força descontrolada me subiu pelos braços, consegui soltar-me dos policiais e com meu pranto eu lavei o vermelho que revestia seu belo rosto, por mais que estivesse morta eu sentia a sua presença e via o seu sorriso alegre naqueles lábios que pela primeira vez antes que os policiais me segurassem novamente eu toquei de leve e manso com meus lábios secos.

A dor era imensa e durante todo o caminho até a delegacia eu urrava, meu coração foi aos poucos voltando a si e quanto mais ele voltava mais a dor me maltratava.

Nem sabia o porquê de estar preso, só ouvia uns e outros falarem “É esse aí que matou a patricinha”, a cada vez que ouvia mais minha tristeza aumentava, não comia nada exceto quando algum guarda me fazia engolir a força toda uma pratada de uma espécie de lavagem.

Aos poucos fui entrando em estado vegetativo, aos poucos não conseguia nem me levantar para ir ao banheiro, aos poucos sentia uma mão me puxar cada vez mais pra baixo no poço de onde a pobre menina havia me tirado. Não durei muitas semanas naquele local não estava mais são o bastante para sobreviver, até que sem poder mais segurar no vão de tijolos das paredes do poço me joguei com tanta força sabendo que ali estava a minha perdição, mas ali pelo menos eu não sofreria.

De volta ao meu pesadelo, hoje descobri, porém só agora que estou morto, a vida é um jogo que só pode ser jogado por aqueles que nasceram para jogá-la. O meu destino foi traçado desde que matei minha mãe, mas eu não havia nascido para jogar e sim para ser mais um peão no tabuleiro dos dois grandes jogadores.

domingo, 3 de janeiro de 2010

A caçada


A brisa a tocá-la

Remexendo seus penachos

Esperta a cada olhar

Procurava movimentos ariscos

Que dela não podiam escapar


De leve o solo a tocá-lo

Acariciando suas patas de veludo

Tão manso em seu passar

Nenhum movimento brusco

Lhe podia atrapalhar


Ainda ela sobre o muro

Prestes as asas a abrir

Quando de repente o felino

Num pulo a quis ferir


Um gato sobre o muro

Tão longe com seu olhar

Vendo frustrado o leve movimento

Da andorinha a voar