Olá pescadores de plantão agradeço por passarem aqui no meu Lago dos Sonhos e peço pra que, se possível, vcs deixem comentários sobre os textos, afinal sem eles naum terá como eu saber se estão ou não gostando do blog.


Também se puderem, deixem seu e-mail para q eu possa agradecer os comentários e a visita.


Bjus e espero que gostem


ASS: Pescador de Sonhos



sábado, 1 de dezembro de 2007

Diálogo frenético

Ser ou não ser? Ouvir ou ser ouvido? Falar ou escutar? Viver ou ser vivido? Divergir ou ser unido? Curtir ou ser curtido? Perguntas sem respostas, respostas perdidas num todo, num todo onde não há nada, num nada onde existe tudo.
Pior é estar perdido, isso é o que lhe digo, e o pior é estar perdido! O pior é não ter respostas, inclusive de amor, o pior é não ser correspondido, o pior é nem saber se é correspondido.
Isso sim é o pior! Do que adianta saber o caminho onde se deve seguir, se não se sabe nem aonde quer ir?
Esse sou eu, tímido e indeciso, apaixonado e indeciso, legal e indeciso e principalmente indeciso.
Será que falo a ela? Será que digo o que eu sinto? Será que sou um tolo? Será o meu instinto? Será que eu não a amo? Será que é um capricho? Será que ela me ama? Será que estou em risco?
Estou cheio de perguntas, sem ação ou sem palavras, sou uma estátua muda sem um pingo de decisão. Estou na frente daquela que faz bater meu coração, não me faça sair correndo, me de uma idéia, tenha compaixão.
Vamos logo meu amigo, me ajude a pensar, me ajude nas palavras, me ajude a falar. Falar coisas bonitas que faça seu coração chorar, falar a língua dos anjos para que com amor eu possa recitar.
Recitar os versos mais lindos para ela se apaixonar, recitar o poema das nuvens segredadas ao luar.
E ainda estou parado sem uma palavra sequer, eu quero falar agora com essa mulher.
_Diga tudo o que você disse para mim. E quem sabe se ela vai se apaixonar ou não, tudo na vida tem seu lado ruim ou bom.
Vou falar o que me disse, vou falar toda a verdade, que amo e tenho saudades do tempo que não amava, pois amando estou sofrendo, mas não amando não sou nada.
Consegui meu belo feito agora quero respostas, já disse o que eu sinto minhas palavras já foram impostas. Ela está demorando, agora toda a minha indecisão se transforma em ansiedade, eu quero logo a sua resposta, quero saber se sou amado ou talvez odiado ou talvez repudiado, estou até me achando um animal enjaulado.
_Suas palavras são bonitas, mas mesmo sem elas eu diria: Você é meio louco parece ter duas personalidades, mas é um cara legal parece ser bacana, agora sem muitas delongas será correspondido por quem você ama.
Não estou acreditando, ela disse que sim, em outras palavras, mas disse que sim. Muito obrigado pensamento amigo, agora eu descobri. Ela me ama de verdade, corresponde o meu amor, e pelo que eu entendi sempre foi assim. Sem você eu não seria nada, obrigado por pensar por mim.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

O rebelde

O mundo era normal, tudo era normal, nossas amizades eram normais, nossa vizinhança era normal, até ser normal era normal. Tudo mudou com a chegada do Elton.
Ele era um rapazinho rebelde, seguia tudo o que nós não seguíamos, andava de terno e gravata, o cabelo era repartidinho e assentado, tudo nele era social.
Sua família tinha mudado para nossa cidade por causa do emprego que sua mãe havia arrumado.
Elton antes estudava num colégio onde nós desta cidade, se estudássemos lá, seriamos os rebeldes. Mas ele era agora do nosso meio, não é mais o certinho, teria que se comportar como nós nos comportamos ou seria banido da nossa sociedade ou até pior seria isolado como um inútil e imprestável.
Para o azar dele, mudar hábitos não é tarefa fácil então ser isolado era a melhor opção, claro que não para ele, e sim para nós que começamos a conviver, sem que queiramos, com o rebelde.
Quando Elton entrava no ônibus todo o pessoal estava fazendo uma algazarra geral, desde pular no banco até ficar gritando feito loucos, e com o primeiro pé dentro da locomoção para a escola as vozes ficavam mudas, não por respeito à pessoa que entrava e sim pelo horror de mais uma vez compartilhar a mesma condução com aquele serzinho insignificante e desprezível.
Ao chegar à escola não era diferente, todos contornavam o seu caminho, nem os próprios professores davam atenção a ele, a única coisa para que ele servia era para fazer a tarefa.
Ninguém, antes de ele chegar, fazia uma tarefa, na verdade ninguém ligava se nós fizéssemos ou não uma tarefa, mas agora ele fazia e se ele fazia alguém iria querer ver o que estava feito e se estava feito por que os outros não fizeram. Esta era uma lógica bem simples e esse era um dos motivos por todos o odiarem. Por que ele tinha que fazer a tarefa se ninguém fazia?
Contudo foi um problema fácil de resolver, pois se roubássemos as tarefas do armário dele, todo mundo teria ela feita, mesmo sendo igual à de Elton.
Se não fosse por ela, ele continuaria sendo um imprestável, porém fora da escola ainda era um inútil, não saía de casa já tendo idéia do que aconteceria se saísse. O seu único caminho era casa, ônibus, escola e escola, ônibus, casa.
Os dias foram passando e Elton começou a faltar na escola, o que era um alívio para nós, pois se ele faltava não iria mostrar a tarefa, assim ninguém precisaria copiá-la.
Chegou o dia do baile da primavera, um dos bailes mais esperados do ano, foi a primeira vez que alguém se dirigiu, pronunciando alguma palavra à Elton, esse alguém era eu que com o passar do tempo fui amolecendo meu coração e tendo um pouquinho de remorso para com que eu fazia a ele:
__ Eae Elton, já tem um par para o baile?
Ele olha para mim assustado e mudo, ninguém durante seis meses tinha falado uma palavrinha com ele, não conseguia responder. A felicidade de ter sido notado pelo menos uma vez naquela cidade ficou contida somente na garganta não deixando que ele dissesse uma palavra.
A minha índole não deixou por menos, não pude segurar:
__ Depois pra você sem educação somos nós, né? Não sabia que quando alguém pergunta alguma coisa se responde?
Com a minha fala ele se encabulou ainda mais e acabou saindo correndo de vergonha ou medo de que eu descobrisse que estava apaixonado por mim.
Isso mesmo, mas não é quase novidade, se apaixonar pela menina mais bonita da cidade é de praxe.
Mais tarde, às oito horas, horário em que começaria a festa, todos da escola já estavam lá. Eu não tinha parceiro, não queria nenhum macho me atormentando a vida enquanto eu estivesse me divertindo. Tudo estava correndo bem, mas alguém tinha surgido no portão do salão de festas da escola, estava parecendo um príncipe todo encabulado e sem jeito, mas com certeza era o garoto mais bonito do baile, até o presente momento ninguém sabia quem era, nisso todos querendo conhecê-lo começaram a conversar com o garoto. Ele sabia falar muito bem, tinha tamanha facilidade com as palavras e um jeito todo dele de sorrir.
Eu tinha que ir lá trocar umas idéias com aquele garoto, tinha que saber quem ele era, a garota mais bonita da cidade tinha que por obrigação dançar com o mais lindo da festa. Quando enfim cheguei nele comecei a falar e logo me cortou pedindo para dançar uma música comigo.
No instante estava tocando um dance, mas quando chegamos no centro do salão algum engraçadinho trocou a música para uma lenta ele sem pensar duas vezes me abraçou lentamente e eu em seus braços ia seguindo o ritmo que eles me proporcionavam, todos do baile começaram a dar espaço para o nosso dançar e no final da música ele me dá um beijo que instantaneamente eu retribuo. Nunca tinha sentido aquilo antes já havia beijado vários garotos, mas aquele beijo foi diferente parecia que eu estava num colchão de nuvens que me levavam para o infinito.
Depois do beijo e da dança, fomos nos sentar nas cadeiras do salão e lá eu esquecidamente perguntei o seu nome e ele me disse que para mim não poderia mentir, na verdade era o Elton, que havia decidido vir ao baile depois do que eu tinha falado para ele. Vendo que ninguém estava o reconhecendo fingiu ser outra pessoa ou talvez ser o Elton de sempre só que com o nosso rancor tampando nossos olhos não conseguíamos vê-lo assim.
Daquele dia em diante ele começou a se dar bem com todos e sempre com entusiasmo ajudava, quem ele pudesse, nas tarefas. E eu e todos de minha cidade aprendemos a ler o livro antes de jogá-lo fora pela capa.

Correspondência Viva

Já entreguei de tudo nesta vida, desde cartas de amor a bilhetes de seqüestro, desde boletos bancários a contas de luz e água, o que eu nunca havia entregado era uma correspondência viva.
Tudo começou no meu primeiro dia de trabalho numa empresa de correios depois de ser despedido da outra. Sendo o primeiro dia, teria que dar tudo certo: não poderia riscar o furgão, nem chegar atrasado na entrega, muito menos deixar de entregar algo, mesmo se a pessoa não puder assinar o recibo.
Contudo, para o meu azar, no meio das entregas havia uma caixa endereçada para uma cidade que ficava a léguas de distância da Vila Fim do Mundo. E o pior nesta caixa havia um selo escrito “carga viva”. Aquilo me deu um pressentimento tão ruim que minha vontade era largar o emprego, mas isso estava fora de cogitação, no meu primeiro dia pedir demissão era demais, tive que aceitar.
O meu novo patrão era muito autoritário não tinha nem como pedir para ele mudar de entregador, com certeza, com essa proposta, eu seria despedido.
Comecei as entregas, o meu trabalho estava light, a única coisa que me desanimava era quando eu abria a porta do furgão e via aquele selo incrustado na caixa: “carga viva”. Na verdade eu nem sabia se aquela carga estava realmente viva, não soltava um ruído sequer ou era muito educada e sabia se comportar numa viagem ou erraram de selo. Não havia perguntado para ninguém sobre aquela correspondência.
Já tinha ouvido que naquela empresa era comum esse tipo de entrega, porém pensava que eu não seria tão “sortudo” em dar de cara com uma caixa daquela tão cedo.
O dia foi passando minhas entregas foram se acabando e a única que faltava era a que me deixava mais apavorado.
No caminho da última cidade onde o meu tormento seria entregue, comecei a me roer de curiosidade. O que estava dentro daquela caixa? Será que um cachorrinho estava altamente dopado lá dentro, ou talvez um lindo gato siamês, tirando seu cochilo diário, poderia até ser uma cobra de estimação ou até uns ratinhos de laboratório. Poderia ser qualquer coisa, sendo ela viva.
Não pude conter a ansiedade, tinha que dar uma olhadinha de leve dentro da caixa, já não me importava se era ou não um crime violar correspondência alheia, na minha outra empresa havia aprendido a abrir uma caixa sem que alguém desconfiasse que ela foi aberta. Estava pronto para a minha façanha, uns cem metros de distância da cidade eu parei o furgão, sai do mesmo, abri a porta e vi a caixa solitária na imensidão do compartimento de cargas, ela estava lá, pedindo para que eu a abrisse, pedindo para que eu desvendasse seus segredos. E se era um pedido dela eu não poderia recusar.
Para a minha surpresa quando eu a abri vi o nada pairar sobre meus olhos a caixa estava repleta de vazio a única coisa que me deixava mentir era uma outra caixinha e esta de fósforos. Eu não acreditava que alguém iria mandar uma caixa de fósforos para uma cidade distante tendo nela o selo de carga viva. Eu rindo, fecho a caixa e retorno para o volante. Aquilo me desconcertava, dei a partida soltando gargalhadas, eu estava com medo de uma caixinha de fósforos.
Porém, na entrada da cidade, começo a me coçar constantemente, sorte que a casa, que na verdade era uma casa-teatro, era perto da onde eu estava, pois as coceiras estavam me matando.
Quando enfim, encontrei o endereço correto de onde eu entregaria a correspondência conto para o dono da casa que foi mandado para ele uma caixinha de fósforos, ele logo me pergunta preocupadamente se eu cheguei a abrir a caixinha e eu rindo respondo que sim, mas lá não existia nada, nisso ele começa e me xingar e eu sem entender nada ia recuando e me coçando.
Ao perceber meus gestos ele começa a dar gargalhadas até maiores do que a minha, quando descobri que o meu sofrimento era uma caixinha de fósforos. Depois de passar o seu estado eufórico ele tira um pedaço de metal que coloca na boca e assopra como se aquilo fosse um apito.
Após seus assopros me senti aliviado da coceira e vi no seu terno branco uns cinco pontinhos pretos, que segundo ele eram pulgas dançarinas, a apresentação mais importante da casa-teatro, e depois da explicação ele disse que ia me denunciar por violação da correspondência alheia.
E é por isso que eu fui preso aqui ontem.
_Há, há, há não acredito que você está preso por causa de cinco pulgas, agora só falta você dizer que eu vou ser solto amanhã para sua mentira estar completa.
_Não, mas é verdade. É o que eu sempre digo “A curiosidade matou o gato, fez um carteiro perder dois empregos, e agora, o fez ir para a cadeia”.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Soneto de soneto

Com versos decassílabos contados
Até a tônica final desses versos.
Da Itália trazido sem vão regresso
Essa bela forma por nós usada.

Dois quartetos, dois tercetos rimados
Com fixa forma como esse universo.
Usado no Classicismo em aberto
Utilizando formas alternadas.

A mais bela forma das formas líricas
Forma, frequentemente, por Camões
Usada com versos de rimas ricas.

Transcrevendo diversas emoções
Transcrevendo nossa emoção descrita
O soneto dos nossos corações.

Nada como uma morte depois da outra

(Esse eh um dos poemas d q eu mais gostei de escrever, espero q vcs gostem de ler ele tambem)

Sou assassino profissional desde os quinze anos de idade
Aprendi, nesta época, a matar sem piedade
Até mesmo sem ter vontade, sem ceder a liberdade,
Ao menos sentir saudade da vida de verdade.

Mato por prazer, mato pelo dinheiro
Doa a quem doer morro e mato o dia inteiro.
Mato do mais certinho até o mais errado
Mato a minha vida desde quando eu mato.

Conheci um matador quem matei por rivalidade.
Conheci um promotor quem matei pela honestidade.
Conheci um padre quem matei pela igualdade.
Conheci o mundo que matei por dignidade.

Matei a morte num dia desses
A alegria, morta por mim.
Sem ter forças mato a mim mesmo
Quando morro por matar assim.

Matei amigos, conversa a fora, meus colegas de antigamente.
Pais, irmãos e filhos, eu matei cruelmente,
Não penso no remorso, nem mesmo em quem eu mato,
Só penso que é assim se não morrer eu mato.

Esta é minha sina, que eu mato constantemente.
Esta é a minha história que piorará daqui para frente
Esta é a preparação do dilema apresentado
Aqui começa minha vida, reflexo do passado:

Matando vidas a fora, encontro minha próxima vítima,
A quem devo matar por ser princesa legítima
Dum reino governado por um tirano sem coração
Daqueles que eu admiro sem ter um pingo de compaixão.

Já dada como morta depois do nascimento
A princesa plebéia foi entregada no mesmo momento
Cidadãos que nem sabiam que ela era da família real
Cuidou da menina, tirando-a do relento da noite de Natal.

(Não sei se por coincidência ou talvez por algo que não acredito
Nesta noite de sonolência conheci o meu instinto
Não sei se no mesmo dia, mas sei que na mesma época,
Aprendi tudo que já disse, matando sem trégua).

Viveu como rainha do mundo dos escravos
Hoje com vinte anos, mesma idade minha, isso é fato.
Coisa que não acontece, eu pensei em quem matava:
Será que mato esta rainha ou morro e me mato?

Após dias de atraso o tirano me chama
Queria saber se mataria aquela dama
Nunca matei mulheres, só homens, feito um carrasco,
Mataria aquela uma, que a paixão me tinha tomado?

Isso mesmo, por que não? Matador tem coração
Apesar de escondido, lá esta ele com certeza
Esperando uma resposta de quem o despreza
Para voltar a funcionar para criar a emoção.

Voltando para o palácio pensei em meu destino
(Coisa fútil que não conheço, só penso em meu caminho)
Se eu matasse a donzela me mataria de verdade
Não como antes que me matava para fugir da sociedade.

Depois dessa pergunta, foi que eu voltei a si
Muitos havia matado, um a mais não faria falta
Mesmo se fosse mulher, mesmo se fosse amada
Afinal sou matador, mato e morro por amor.

Por amor à matança, por amar a carnificina.
Não amor a uma pessoa, e sim ao que eu faria a ela
Sou assassino profissional, morro e mato por prazer
Sou o terror do mundo e mato meu próprio ser.

_ Duvidas da minha palavra? Eu cumpro o que digo
Não sou um rei mimado com medo de uma donzela
E não sou o seu escravo, não lhe devo satisfação
Se quisesse te matava e te usaria como sabão.

Nestas falas tão grotescas o rei recuou, pediu desculpas e ordenou,
Claro a seus subordinados, pois a mim! Ele não seria tão ousado:
_Tragam o ouro para o nosso aliado.
Aquele velhaco já queria me pagar adiantado.

Numa noite escura lá estava ela,
Assimilava a tranqüilidade daquela noite bela
Aquela seria a hora por que não?
Já sei por que por ela tenho paixão.

E descobri mais. Ela, não sei como, me amava,
Segredava às flores no luar que se apaixonou
Por um homem na cidade, onde ela me encontrou
Quando olhava em seus olhos, com um furor que me matou.

Foi amor à primeira vista quase à última,
Pois não a vi mais após aquele dia
Só hoje no dia de sua morte
Adiada pelos nossos sentimentos.

Decidi me matar e conseguir uma nova vida
Não parar de matar, mas sair daquele reino
Já tinha o dinheiro mesmo que para mim não faria falta
Mas não posso perder a vida que para mim foi imposta,

Mas perderia a fama de assassino, por deixar uma vitima sem
[assassinar
Se tratava de respeito que para mim mesmo eu tinha que dar
Se tratava de moral, não de um sentimento banal
Eu teria que para ela explicar.

Descobri onde morava, e fui com ela conversar
Ela teve uma surpresa, o que seu amado estaria fazendo lá?
_ Eu também te amo, mas me deixe explicar,
Por motivos de seu tio, o rei, devo lhe matar.

A moça assustada e sem nada entender, me diz apressada com medo de
[morrer:
_ Se dizes que me ama não faça essa crueldade
Não me mate por uma simples vontade
Se o rei quer que eu morra deixe que ele me mate.

_ Mas como eu já disse não é essa a minha escolha,
Ou te mato agora mesmo ou eu morro na lembrança,
O rei não quer a sua subida ao trono
Ò querida e amada princesa me perdoa.

_ Então me mate agora mesmo, chega de desenganos
Eu pensei que te amava, mas não é esse o homem que eu amo
Um homem matador sem coração ou remorso
Mereço a morte por amar um ser insano.

Faltando-me palavras chorei um rio de lágrimas
Matei a minha amada por causa de um capricho
Um rei sem coração sem espírito vivido
Quem matei por vingança por causa de um amor perdido.

Hoje ainda mato, diferente de antes
Mato pessoas más, daquele dia em diante
Agora não sou assassino, nem matador neste instante
Sou apenas um justiceiro viajante.

O ratinho curioso

Ela já estava quase dormindo, quando ouviu no escuro do quarto um barulhinho de alguma coisa sendo roída:
__ Rec, rec, rec...
Abriu os olhos e ficou á escuta, Sendo roída? “O rato roeu a roupa do rei”, escrevia ela nas suas aulas de datilografia. Só podia ser um rato.
Não queria luminosidade no quarto, pois o medo do suposto rato tomava conta do seu ser. Até que o barulho parou. Será que se foi? Queria que sim, contudo pensava que não.
Quando tentava, novamente, dormir, logo, ao lado de sua cama, ouve-se outro barulhinho, este diferente do “rec, rec”, parecia de um esforço exaustivo, igualmente a um suspiro, só que baixo e transfigurado em cansaço reprimido.
Como o outro, este acaba sumindo na imensidão do quarto escuro.
Claramente, com todo esse medo de dois simples barulhos, não conseguiria dormir naquela noite de mistério, todavia reflete se o medo nela contido é realmente medo ou talvez uma curiosidade do saber de onde se vinha os barulhos.
Até que o abajur acende, rapidamente ela olha a infinidade do quarto se transformando somente em quatro paredes e nelas a reflexão da sombra de um animalzinho que, como ela, queria saber quem era quem naquela imensidão noturna, sendo assim dois belos curiosos que após seus sustos, foram alegremente para seus leitos esperar a manhã dizer um tchau para a calada da noite e um oi para o raiar do dia.

O Servo dos Séculos

Numa noite chuvosa e sombria lá estava eu trancado a sete chaves e ainda por cima quase soterrado, esperando por milênios a chegada de meu escolhido a quem eu deveria ser submisso, só que não foi bem assim.
Nessa mesma noite um homem de vida simples que estava correndo da chuva tropeçou na alça da barca, onde eu me encontrava, e pensando que era um baú de pirata foi logo o desenterrando, nem ligava mais para a chuva, pois se caso ficasse doente teria o dinheiro para pagar, agora que achava que estava rico.
Ao ver que não conseguiria abrir, o que era obvio por ele não ser o tal escolhido, começou a puxar, aproveitando o chão molhado pela chuva, para levar o dito baú ao seu esconderijo. E já lá, com suas ferramentas, estraçalhou a fechadura que me prendia e em fim fiquei livre só que por enquanto sem vida.
Quando ele viu aquele pedaço de pano dentro da barca queria morrer, e soltava berros de raiva como esse:
__ Fiquei na chuva quase que a noite toda para isso? Por causa de um simples tapete.
Então criei vida e fui me desenrolando lentamente, mas também não é pra menos quem fica enrolado e preso por vários anos não pode querer ficar de pé de supetão.
Assim quase que pronto o meu processo de desenrolamento sinto uma mão me puxando com grande raiva e insensatez mirando-se para uma fogueira, enfim eu recobro totalmente a minha consciência e num passe de mágica saio das mãos daquele homem e pairo sobre a sua cabeça, assim solto a seguinte frase que ensaiei enquanto esperava ser solto:
__ Sou seu servo e melhor amigo, faça de mim o que bem entender e eu o obedecerei pelo resto da minha imortal vida.
O homem que no caso chama-se Èsmero ficou abobado com a minha presença e mais ainda com o que ele estava pensando para que eu serviria.
Eu seria seu carro de fuga nos seus assaltos que daí por diante ficaram cada vez mais freqüentes, pois mesmo antes de me encontrar tentava alguns simples roubos.
Até que numa bela noite, eu já transformado em um objeto de lucro, vi numa de minhas fugas um menino que estava dormindo com uma caixa de papelão usada como cobertor, vendo isso por compaixão comecei por toda a noite ir lá cobri-lo, após é claro do meu horário de “serviço”, mesmo sem ser ordem de meu mestre, sendo esta a primeira vez que fazia algo sem a sua permissão.
Uma vez que isso aconteceu comecei a desacatar muitas de suas ordens e sempre indo lá cobrir o pobre garoto, que depois de um breve tempo de visitas vi que na verdade era uma linda garota que se vestia como menino daí a confusão.
A menina nunca percebeu a minha presença, mas também devera, pois só aparecia à noite quando ela estava dormindo.
Isso foi se desencadeando através do tempo e aquela menina já era uma linda mulher e cada vez mais bonita e o meu desacato chegou ao ponto de não ir mais ajudar o meu mestre ele sempre me maltratava e fazia ameaças de me jogar ao fogo, mas eu nem ligava, pois eu estava só pensando na minha protegida.
Numa dessas noites de visita, quando cheguei para fazer o que fazia toda noite não a encontrei procurei por todas as praças, mas nada de achá-la.
Exausto voltei para a minha casa e lá a encontrei amarrada numa cadeira por Èsmero. Ele havia descoberto o que tinha acarretado a minha desobediência e decidiu cortar o mau pela raiz assim trazendo a garota, que por sinal não estava entendendo nada do que se passava, para matá-la na minha frente.
Pensando que eu não poderia atacá-lo, por eu ser submisso a ele, virou as costas para mim e sorrindo ergueu a faca sobre a pobre moça. Mas eu indo contra a minha origem numa velocidade acima a da luz o empurrei com tamanha força que ele caiu na fogueira onde ele me ameaçava jogar e correndo, como quando me encontrou, ele foge todo queimado e com medo do que mais eu poderia fazer a ele, e confesso que com a minha grande fúria poderia até matá-lo.
Sem grandes esforços eu a desamarrei e a acalmei depois contei toda a história desde quando fui encontrado até aquele dia então percebi que ela era a minha escolhida a pessoa a quem seria submisso para todo o sempre, mas ela com toda a sua bondade disse que eu seria livre, seria o dono das minhas decisões e que não queria ter um servo e sim um amigo.
Então desde aquele dia eu a acompanho não como um servo e sim como um companheiro de viagens.

Minhas Férias

Este não é um simples relato sobre como foram as minhas férias, um fato como esse não merece nem ser um tema de redação, algo banal, divertido no momento em que é vivido, mas depois são só meras lembranças. Esta é uma história que mostra como ficaram os integrantes de minha família enquanto somente eu estava vivendo intensamente, porém desvividamente, as minhas férias.
Tudo começou quando a escola, quer dizer a professora a fim de se tornar ou fazer a gente pensar que ela se tornou boazinha, promove uma excursão para o Walt Disney. Com certeza essa eu não perderia por nada.
Dessa tal excursão que saiu a rincha entre eu minha irmã, é claro que, como em toda briguinha de irmãos, meus pais entraram na briga (menina mais chata, eu não sei como uma garota de cinco anos pode ser tão chata assim como ela é, não consigo e nem quero imaginar como ela vai ser daqui a, sei lá, uns dez anos). Isso tudo porque aquela pivetinha queria ir comigo, não pela minha presença, isto é óbvio, ela queria ir para ver o Mickey, o pato Donald, e os outros personagens da Disney que nem vou perder tempo falando seus nomes.
Meu pai cheio de si e da sua imponência sobre o lar manda ela calar a boca e engolir o choro e para mim falou para parar de brigar com a pobre garota ela era só uma criancinha nem sabia direito o que queria, isso depois é claro de ter se esgoelado com a menininha pobrezinha.
Já minha mãe ficou quieta ouvindo tudo, ela nunca interrompe os sermões do meu pai e também nunca desfaz da sua autoridade, se ele fala ta falado e isso vice-versa.
Em fim fui, meus pais me levaram até o ônibus, ai que vergonha todos ficaram rindo de mim, e aquela pivete ainda por cima ficava me mostrando a língua o tempo todo, tinha pegado raiva por eu não ter querido levá-la.
O ônibus já ia saindo da vista de minha mãe e ela começou a chorar nos ombros do meu pai dizendo:
__ Nosso filho virou um homem Raul, já sai de casa sozinho e vai viajar sem seus pais, que orgulho.
__ Não seja sentimental mulher, ele só vai para longe de nós por sete dias__ disse isso num tom choroso e com lágrimas nos olhos.
Minha irmã sem nada entender olha para os dois chorando em frente à escola e fala:
__ Seu chorão depois diz que homens não choram, que coisa feia.
Ouvindo isso meu pai para instantaneamente de chorar pega a menina no colo e começa a bater na poupança da coitadinha dizendo:
__ Nunca mais desrespeite seu pai assim ouviu mocinha.
Que vergonha para ela, pois por lá passavam varias pessoas que viram tudo meio que encabuladas por estarem vendo uma cena familiar em plena rua.
Depois de tudo foram para a nossa casa onde almoçaram inquietamente sem ao menos falar para o outro pegar o molho de salada que estava muito longe para ser alcançado.
Meu pai foi trabalhar como fazia todo dia incansavelmente, ele trabalhava numa fábrica de automóveis perto da cidade vizinha e era meio turno por isso ia trabalhar só depois do meio dia. E para a alegria de minha mãe, minha irmã estudava à tarde só que nesse dia não foi bem assim que aconteceu, a Clarinha não queria, por pura pirraça, ir para a escola e tinha como argumento a seguinte frase:
__ Não deixou eu ir para a waute disnei então eu não vô pra escola.
Minha mãe nem sempre demonstrava sua raiva, são raros os momentos, mas suborno indireto é o que a deixava muito zangada ela virava uma onça de tão brava que ficava, e esse foi um momento em que isso aconteceu, pegou a minha irmã pelos braços e a levou a força, e bota força nisso.
Ela voltou para a casa e teve de cuidar de todo o serviço, claro por que o seu escravo não estava lá para ela poder assistir a novela.
Depois de tudo pronto ainda deu tempo de ver o Carlos Rodolfo se declarar para a Ana Joaquina.
E nisso meu pai e minha irmã chegaram, novamente comeram sem soltar um piu, acho que é eu quem leva a conversa na hora da bóia.
Após, escovaram os dentes e foram dormir, mas antes a matriarca da família tinha que dar um beijo nos seus filhos inclusive em mim, pois ela tinha esquecido que eu tinha viajado, quando entrou no quarto e sentou na cama foi que ela se recordou do fato e começou a chorar de novo segundo ela por orgulho de mim, mas acho que é pela minha falta.
Enfim acabou-se o primeiro dia, eu já estava dentro do avião pronto para decolar foi sorteado o assento na cabine do piloto e adivinhem quem foi o sortudo, a viagem inteirinha fiquei vendo toda a paisagem frontal do passeio.
Começa o segundo dia eu não piscava nem olho ficava até mais acordado que os próprios pilotos, mas isso não vem ao caso.
Minha família amanhecia dona Érica foi novamente ao meu quarto e novamente esquecida:
__ Acorda filho, você tem que ir pra escola.
Olhou para a cama e ela estava vazia lembrou e chorou de novo, acho que quando eu chegar em casa ela vai estar inundada do tanto que minha mãe chorava, e sempre na mesma ladainha:
__ Que orgulho do nosso filho, que orgulho.
Clara como sempre acordou as nove e foi fazer a tarefa, na verdade serra-serra e bolinhas não gráficos de função quadrática e outras atrapalhadas que as professoras dizem estar ensinando para o nosso futuro, coisa que espero nunca mais usar na minha vida.
Antes de tudo tomaram o café da manhã como no almoço e na janta de ontem não falaram nada nem se quer o bom dia cotidiano.
Tudo correu normal, pois nesse horário eu não estaria em casa mesmo, mas no almoço meu pai falou uma coisa que quebrou o gelo do momento:
__ Sua carne passou do ponto esta quase queimada, se fosse o Eduardo que tivesse feito ficaria melhor.
Isso mesmo que vocês ouviram era eu quem fazia a mistura do meu pai, não é a toa que disse que era o escravo da família. Logo no começo da viagem me perguntava “o que será vão fazer sem mim naquela casa”.
No entanto aquela frase só era para quebrar o gelo mesmo, porque ele comeu a carne com tanto gosto que só não pediu mais por causa dela.
Ele foi trabalhar e antes levou Clara para a escola, já que a minha mãe havia dito a ele sobre como ela havia agido ontem.
Igualmente ao dia anterior minha mãe teve que fazer todo o trabalho da casa sozinha e novamente assistiu o finalzinho da novela nessa parte a Maricota dos Anjos estava tramando um plano para separar Carlos Rodolfo e Ana Joaquina.
Às oito horas todos estavam na casa, menos eu é lógico, jantaram e enfim se acostumaram com um lugar vazio na mesa. Começaram falar sobre o trabalho, sobre a novela e só Clara que não falava sobre coisa alguma. Então perguntaram o que ela tinha e ela maliciosamente falou:
__ Estou com lombriga por vocês não te deixado eu ir na waute disnei.
E meu pai já sacando a esperteza da menina perguntou se ela não tava com lombriga por causa que queria levar umas cintadas, nada burra ficou quieta e foi dormir.
Logo depois minha mãe foi lá dar um beijo de boa noite para ela e já conformada com a minha falta nem passou perto do meu quarto, só que quando estava dormindo ainda soltou algumas lágrimas.
Segunda e terça se passaram eu já estava no hotel descansando tive que dividir o quarto com o Raimundo que recebe como apelido Imundo, trocadilho com o seu nome devido ao mau cheiro que ele tem. (É, bem que dizem que algumas sortes são recompensadas com o azar).
O terceiro dia foi quase igual ao de ontem a única coisa que mudou foi que enfim minha mãe cuidando do serviço durante dois dias conseguiu assistir a novela inteira, só para os curiosos o plano de Maricota deu certo ta, e mais, ela se casou com o Carlos Rodolfo e Aninha esta para entrar em um convento.
Na quinta-feira, quarto dia, também houve pequenas mudanças, Clara se conformou não ter ido para a viagem, pois não valeria de nada, contudo ainda não estava se entendendo com a escola, estava com medo da professora; e para a infelicidade de minha mãe a novela não iria ser apresentada na quinta e na sexta-feira.
Já eu nesses dois dias estava tirando onda com as americanas cada gringa gostosa acabei pegando uma só falando para ela:
__ Kiss me girl, kiss me!
E ela caiu como uma patinha ou uma little duck.
Chegou o sábado, meu penúltimo dia nos Estates, e também penúltimo dia que minha família passaria sem mim, e por falar nisso ela estava um caos todos juntos numa mesma casa tendo como assunto a volta do filho mais velho.
Era “O meu bombomzinho vai voltar” de um lado, “aquele idiota, ninguém merece” do outro, e outras frases que é melhor eu nem pronunciar a vocês.
A novela foi assistida em família neste dia estava num romance só, porque Carlos Rodolfo descobriu que a traição de Ana Joaquina era o plano de Maricota dos Anjos, deixou ela no altar e foi se desculpar com a Aninha.
Todos foram dormir esperançosamente, pela minha chegada, até a insuportável da minha irmã sentiu um arzinho de bem estar acho que é por causa que ela teria alguém com quem brigar e não com seus pais, pois até então só havia se dado mal.
No domingo cheguei, eles para me encabular mais do que na partida, estavam me esperando de braços abertos e minha mãe com seus olhos repletos de lágrimas, me assustei ao ver a Clara chorando também tendo como desculpas a choradeira de minha mãe.
Assim foram as minhas férias, ou melhor as férias que minha família tirou de mim. Ah! E a propósito Ana Joaquina se casou com Carlos Rodolfo e eles viveram felizes para sempre.

अ colina das lamentações

A cidade toda estremecia com as palavras que vinha da colina, um choro tenebroso de uma mãe desamparada que, segundo a lenda, havia perdido seu filho com isso ela sempre ia se lamentar no alto da colina, até que um dia ela despencou de lá de cima, mas sua intenção era tão forte que sua alma sempre voltou lá para penar toda a cidade.
Meu pai nunca acreditou em profecias, assombrações, ou qualquer outra paranormalidade, ele sempre disse para mim que a lenda da colina das lamentações era uma história para que as crianças não fossem para a tal colina e os choros que se ouviam era o uivo do vento que era produzido através do atrito dele com as pedras.
Eu nunca discordei de meu pai, mas o medo da colina me apavorava. Só que aos meus quinze anos de idade criei coragem e comecei a subi-la.
Ao meu redor via árvores secas e retorcidas, suas cascas formavam uma face, não sei se era pelo o meu medo que as via assim, só sei que via. Claro que era dia quando eu decidi subir a colina, mas no primeiro metro que eu subi o clima mudou intensamente, o azul do céu foi tomado por imensas nuvens negras, a brisa calma se transformou em um vendaval de folhas e gravetos, até que o dia se assimilou a noite.
A cada passo que eu dava minha visão ficava cada vez mais turva e o clima sempre mudando, agora relâmpagos caiam das nuvens, achei até melhor, pois eles clareavam a minha jornada me mostrando o caminho, mas por outro lado, ver o caminho me dava mais agonia que a própria escuridão, havia corvos nos galhos das árvores e a musicalidade de todos os elementos do local me deixava arrepiado. Até que quando uma única voz quebrou a sinfonia mortífera que eu estava ouvindo, era o choro de lamento que saia cortando toda a paisagem tenebrosa, até os corvos voaram das árvores, até os relâmpagos cessaram, tudo isso para dar ouvidos a infelicidade daquela voz que me atormentava.
Estava tremendo, meu coração batia com uma rigidez tão forte que parecia que ia estourar o meu peito, minha alma queria fugir daquelas ondas sonoras, mas cada vez mais ela me embrulhava e me amaldiçoava.
Aspirei aquele ar úmido e frio enchendo todo o meu pulmão, aquele gesto sempre me dava coragem, mas no instante que fiz aquilo vi algo inesperado, que me encheu de sofrimento e ao mesmo tempo de incerteza na minha lucidez, uma nuvem branca em forma de uma bela mulher estava dançando uns dez metros a minha frente, a beleza daquela névoa era incomparável, dos seus passos saiam o ar gelado que infectava todo o espaço que eu estava, seus lindos cabelos longos soltavam uma neblina pouco densa que logo se juntava aos seus pés, seus belos lábios mexiam-se numa fragilidade muda sem dizer uma só palavra. O único som que se ouvia era o choro que vinha do alto da colina.
Aquela névoa dançava em cima das ondas que o choro produzia, a cada nota desafinada era um passo no ar. Meus olhos acompanhavam tudo aquilo sem piscar, não sei se por medo ou talvez pelo susto de estar vendo uma imagem inacreditável. Minhas pernas não ousavam dar sequer um passo adiante, nem fugir era uma escolha fácil, um simples movimento eu seria engolido pelo pavor que aquele local transmitia. E a névoa, sem mudar seu rumo, seguia o caminho que os lamentos proporcionavam a ela.
Ao som do primeiro relâmpago, após o início do choro, eu voltei para o meu estado de sensatez, puxei novamente o ar para os pulmões, agora um ar fétido e intragável que me deu vontade de tossir, mas o mínimo barulho podia trazer a atenção daquele ser irreal, comecei a andar levemente ao seu encontro, até que os lamentos se cessaram, ai então eu ouço as palavras ditas pela névoa:
__ Chore minha bela alma,
Chore para todos ouvir,
Chore os teus lamentos,
Que nele eu posso partir.
Sua voz era tão incomparável quanto sua beleza, aquilo me encantou, na verdade me hipnotizou, fazendo com que eu fosse cegamente aos seus pés, vi seus lindos olhos que iluminavam meu caminho até ela, toda a neblina que se formava de seus cabelos ia me abraçando e me espremendo, os galhos das árvores me puxavam para traz, mas minha força os vencia, eu estava querendo, de todo modo, chegar até ela, não importava os desafios que apareciam no meu caminho a vontade de tê-la mais perto de mim me impulsionava.
Mas o choro começou novamente e acordei do transe, a vi dançando de novo, só que desta vez algo me chamou a atenção, algo que eu não havia visto por estar muito longe, outra névoa estava na colina e esta estava sentada no chão chorando e sua voz criava aquela ladainha tenebrosa que todos os habitantes da colina ouviam.
Fui me aproximando da segunda névoa sempre me protegendo daquela que dançava, cheguei o mais perto que eu pude, daí senti uma força que gelava o meu corpo, quase como uma áurea em volta das duas névoas, aquilo me congelava por dentro, meus ossos se contorciam à medida que eu tentava mexê-los. Me arrastando consegui chegar cada vez mais perto daquele ser medonho e a cada centímetro que eu me aproximava, mais gelado era o ambiente.
__ Chore minha bela alma,
Chore para todos ouvir,
Chore os teus lamentos,
Que nele eu posso partir.
Até que eu toquei na névoa, minha mão já parecia uma pedra de gelo, mas quando eu relei em seu corpo esvoaçante seu choro parou instantaneamente e nisso novamente eu ouço a voz da névoa dançarina:
A alma tampou os meus ouvidos para que eu não me iludisse novamente, assim aquele gesto me mostrou o que na verdade estava acontecendo:
Eram duas almas perdidas e uma usava a outra para conseguir voltar à vida, sendo que fosse uma vida imortal. Esta precisava de uma alma de alguém que sofreu a vida inteira para utilizar os seus lamentos num ritual de vida após a morte. Só que esse ritual só podia ser feito a noite e como a segunda névoa não queria ser usada para um motivo sórdido nunca terminava a sua parte, sendo assim o seu choro de lamento assombrou a cidade desde o dia de sua morte.
Eu, nessa situação, me senti obrigado a dar um fim nos sofrimentos daquela pobre alma e então com o meu corpo já regenerado cortei as palavras daquele espírito e disse comigo mesmo:
__ Cale a boca ser amaldiçoado, ser sem um sentimento eterno, cale a boca demônio das sombras, você merece ir para o inferno.
A alma parou com sua dança e caiu no chão com tamanha força que começou a rachar o solo, nisso ela levanta e troca todo o seu belo formato por uma aparência de um monstro e começou a vir na minha direção, mas no primeiro passo que ela deu algo começou a puxá-la para dentro da terra, assim foi engolida por uma fenda de chamas e lamentos.
Após isso vejo todo a escuridão e tormentos da colina se dissolvendo todo o ar de medo e terror vai sendo sucedido por belas flores e um vede imenso, então a segunda alma se levanta do chão e fala a seguinte frase:
__ Vivi a minha morte toda esperando um ser vivo me retirar do sofrimento, hoje estou livre para descansar pela eternidade, a você dou o meu pedido de perdão e o dom do esquecimento: nada aconteceu aqui e nada mais acontecerá.
Nestas palavras ela começa a flutuar em direção ao céu e eu desmaio num tapete de gramas macias e cheirosas, só fui encontrado um dia depois e deste dia em diante nunca mais se ouviu a voz da colina das lamentações.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

O Caso da Estrela

Quinze de dezembro à meia noite, esse foi o horário do primeiro assassinato. Quatorze de dezembro às quinze horas, horário da soltura do Carnificina. Tudo se encaixava, mas havia um porém.
Os vestígios do segundo assassinato demonstravam que não seria ele o vilão desta história, tudo se contrariava às minhas provas.
Tudo se voltava para encobrir o assassino, só não encobriam vítimas, só não encobriam provas sem valor.
O terceiro assassinato. Este teve, exatamente, o mesmo intervalo de tempo entre o primeiro e o segundo, uma semana. Afinal uma pista com um valor acentuado, apesar de não ser grande coisa, poderia ser apenas uma coincidência.
Trabalhei nesta pista por dias, sem tirar uma conclusão exata, completando no mínimo uma semana, tempo para que houvesse o quarto assassinato. Esse num bar, onde a garçonete foi morta. Como nos outros homicídios essa vítima morreu com uma simples facada num ponto crítico, assim causando uma morte instantânea.
Parecia uma espécie de seita, que matava as pessoas numa espécie de ritual. Isso era o que a TV dizia, com aquela vozinha* irritante daquela repórter chata. Eu já estava quase acreditando nisso, tudo girava em torno dessa possibilidade.
Comecei a analisar o mapa da cidade, nele fui marcando todos os locais dos assassinatos. O desenho que formava era assustador, parecia que desta vez a televisão tinha acertado, os riscos que tracei com base na data dos homicídios geravam uma estrela de cinco pontas onde a última faltava.
Com meus poucos conceitos de geometria, tracei as retas com mesmo ângulo e medida das outras até elas se colidirem em um único ponto. Este no local do próximo assassinato.
Dia onze de janeiro às vinte três horas da noite, esse era o horário em que eu estava lá, no posto de gasolina esperando o suposto quinto assassinato, tinha tudo para ser lá o local, todas as pistas que eu achei me levavam para lá.
Mas se não fosse, se os homicídios não tivessem ligação alguma, se fosse só uma brutal coincidência que me levou para aquele local.
Essas eram as minhas indagações naquele local escuro e fétido, essas que duraram até a meia noite daquele dia, quando se ouve o badalar dos sinos da gravação que tinha na igreja da cidade, era exatamente zero hora do dia doze.
Meus questionamentos se ascendiam, me levavam a contar no relógio os segundos que se passavam no atraso. Afinal todos os assassinatos ocorreram de forma coordenada todos no domingo, todos à meia noite!
Quando eu estava desistindo com cinco minutos de atraso ouço aquela vozinha irritante da repórter:
__ Vamos logo Carnificina só falta um para acabar com a nossa história. Só de pensar que com mais esse “furo de reportagem“ eu serei promovida a ancora do jornal. Que bom que eu tive a idéia de contratar o maior assassino de todos os tempos para me ajudar a forjar um assassinato em série que envolvia seitas e rituais, eu sou de mais você não acha?
__ Só sei que quero a minha parte ou se não o ritual vai ser com você.
__ Ai meu queridinho, a sua parte está bem guardada, só que como no combinado ainda tem última vítima que está logo a frente do posto de gasolina.
Não estava acreditando, uma repórter para conseguir sucesso criou tudo isso. Depois das suas falas eu entendi porque só ela que apresentava as notícias sobre o crime. Saí do carro sem que eles percebessem a minha presença e peguei um martelo que encontrei no chão do posto de gasolina e num só golpe eu derrubei o Carnificina, depois sem grande esforço aprisionei a repórter.
E foi assim Meritíssimo que eu solucionei o caso da estrela.

O rapto da princesa Léia

Nascida na Floresta encantada, amadrinhada pelas feiticeiras do reino de Lucis, Léia, a princesa da luz, cresceu entre os centauros, os unicórnios, e aprendeu, acima de tudo, a respeitar todos os seres da terra sendo eles maus ou bons.
Era, por todos os homens do reino, ao mesmo tempo, cobiçada por sua beleza e odiada por ela ser fruto da traição da rainha Luna com Feron o rei de Tenebris, ou seja, líder dos inimigos dos luciseranos, ou melhor dizendo, dos habitantes de Lucis.
No ápice de sua juventude, ela, desesperadamente se apaixonou por um belo pássaro, ele era da cor do ouro, com penas cintilantes feito prata, seu voar transmitia uma força tão sublime que Léia padecia ao seu caminho, seu canto enfatizava sua beleza que, por fim, aumentava cada vez mais que a garota o idolatrava. Mas seu amor era proibido por dois simples motivos, primeiramente ele era um pássaro, isso já era um bom motivo, mas para acabar ainda mais com a felicidade da moça, ele era filho de Tenebris, ela não poderia cometer o erro que sua desconhecida mãe cometera. Desconhecida pelo fato de Léia não saber quem era sua mãe, tinha por conhecimento que havia vindo da árvore da vida que ficava no centro da Floresta encantada.
Contudo seu amor era tão forte que apesar dos conselhos de suas madrinhas ela seguia pela praia do reino vendo distantemente seu precioso ser, ela correu tanto que seus lábios começaram a dizer em voz intimamente baixa para que a bela ave descesse para perto dela, viesse receber um doce beijo, viesse devolver a vida que ele havia tomado da pobre coitada.
Tanto andou, tendo como objetivo ser percebida por aquele animal, chegou ao Porto, viu grandes caravelas dirigindo-se para além-mar e quando avistou a última desaparecendo no azul das águas percebeu-se em volta de uma neblina não muito espessa mostrando aquele belo pássaro vindo em sua direção, quando em fim ele parou perto dela, viu aquele corpo delgado e bem formado vestido em peles nuas igualmente as vestimentas das fadas que viviam na Floresta de Lucis.
Léia tremendo de emoção por estar frente a frente do ser que ela tanto adorava viu-se horrorizada no momento em que ele começou a se transfigurar, o ouro deu lugar ao escuro da noite, à sombra da maldição, seu brilho se tornou uma fumaça opaca e sombria que cada vez mais enforcava os sentimentos da garota, seu bater de asas causava um assovio ensurdecedor e por fim sua voz se tornou humana e fria no momento em que ele disse:
__ Venha minha amada, venha para os meus braços.
Seus sentimentos pareciam um furacão rodando e bagunçando toda a sua cabeça, até que ela desmaia, não agüentava a decepção de perder um amor desse jeito.
Ao acordar se encontrava num quarto com cortinas de fogo e chão vermelho como a brasa levantou-se assustada e saiu daquele cômodo, viu-se num corredor imenso que dava num portão enorme com uma gárgula em cada ponta. Sendo elas de pedras Léia pôde supor que era dia, pois é esse o estado de uma gárgula nesse período. Entrou pelo portão e viu a sala do trono do castelo de Feron, ele não era bem como suas madrinhas falavam não tinha asas de morcego e nem uma cauda de dragão, muito menos pele pálida como a de um defunto. Tinha simplesmente uma aparência humana que por sinal era muito linda, tinha músculos bem fortes e um rosto perfeitamente desenhado.
Quando ele a viu logo disse:
__ Como você é linda, parece a sua mãe, sua bela mãe!
Léia sem nada entender pergunta sem medo para o homem:
__ Minha mãe?
__ Sim sua mãe Luna a rainha de Lucis, e eu sou seu pai, sendo assim este é o seu castelo e todo o seu reino você é a princesa de Tenebris e de Lucis, você é a esperança da paz entre os nossos reinos, por isso sabendo que minha filha foi tratada por indigna do trono de Lucis me vi obrigado em acabar com a guerra.
Léia ficou desorientada e ainda duvidava da palavra do homem então perguntou:
__ Mas se você precisava de mim para acabar com a guerra que perdurou até hoje, por que mandar aquele ser me seduzir para trazer-me até você?
__ A ordem não foi minha, ele foi lá por que te amava, então utilizando sua forma de pássaro começou a rondar a perigosa Floresta encantada para te ver, assim suas ditas madrinhas lançaram um feitiço nele “Quando você chegar perto de sua amada virará um monstro horripilante e com um simples olhar quem o ver desmaiará”, sendo assim ele não sabendo o que fazer com você desmaiada lá no Porto da Armada Real trouxe-a até mim.
Depois de toda a explicação de Feron, Léia começou a entender de onde vinha o ódio e a intolerância da parte dos luciseranos para com ela, pois mesmo se ela fosse o fruto da traição ela deveria ser aceita, pois estavam em um reino de luz, de alegria e principalmente de perdão.
Assim conhecendo toda a história do seu passado começou a fazer a aliança entre os reinos, pois não importava se existia um lado sombrio e outro glorioso os dois juntos completariam seus defeitos os transformando em qualidades.