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ASS: Pescador de Sonhos



quinta-feira, 22 de novembro de 2007

अ colina das lamentações

A cidade toda estremecia com as palavras que vinha da colina, um choro tenebroso de uma mãe desamparada que, segundo a lenda, havia perdido seu filho com isso ela sempre ia se lamentar no alto da colina, até que um dia ela despencou de lá de cima, mas sua intenção era tão forte que sua alma sempre voltou lá para penar toda a cidade.
Meu pai nunca acreditou em profecias, assombrações, ou qualquer outra paranormalidade, ele sempre disse para mim que a lenda da colina das lamentações era uma história para que as crianças não fossem para a tal colina e os choros que se ouviam era o uivo do vento que era produzido através do atrito dele com as pedras.
Eu nunca discordei de meu pai, mas o medo da colina me apavorava. Só que aos meus quinze anos de idade criei coragem e comecei a subi-la.
Ao meu redor via árvores secas e retorcidas, suas cascas formavam uma face, não sei se era pelo o meu medo que as via assim, só sei que via. Claro que era dia quando eu decidi subir a colina, mas no primeiro metro que eu subi o clima mudou intensamente, o azul do céu foi tomado por imensas nuvens negras, a brisa calma se transformou em um vendaval de folhas e gravetos, até que o dia se assimilou a noite.
A cada passo que eu dava minha visão ficava cada vez mais turva e o clima sempre mudando, agora relâmpagos caiam das nuvens, achei até melhor, pois eles clareavam a minha jornada me mostrando o caminho, mas por outro lado, ver o caminho me dava mais agonia que a própria escuridão, havia corvos nos galhos das árvores e a musicalidade de todos os elementos do local me deixava arrepiado. Até que quando uma única voz quebrou a sinfonia mortífera que eu estava ouvindo, era o choro de lamento que saia cortando toda a paisagem tenebrosa, até os corvos voaram das árvores, até os relâmpagos cessaram, tudo isso para dar ouvidos a infelicidade daquela voz que me atormentava.
Estava tremendo, meu coração batia com uma rigidez tão forte que parecia que ia estourar o meu peito, minha alma queria fugir daquelas ondas sonoras, mas cada vez mais ela me embrulhava e me amaldiçoava.
Aspirei aquele ar úmido e frio enchendo todo o meu pulmão, aquele gesto sempre me dava coragem, mas no instante que fiz aquilo vi algo inesperado, que me encheu de sofrimento e ao mesmo tempo de incerteza na minha lucidez, uma nuvem branca em forma de uma bela mulher estava dançando uns dez metros a minha frente, a beleza daquela névoa era incomparável, dos seus passos saiam o ar gelado que infectava todo o espaço que eu estava, seus lindos cabelos longos soltavam uma neblina pouco densa que logo se juntava aos seus pés, seus belos lábios mexiam-se numa fragilidade muda sem dizer uma só palavra. O único som que se ouvia era o choro que vinha do alto da colina.
Aquela névoa dançava em cima das ondas que o choro produzia, a cada nota desafinada era um passo no ar. Meus olhos acompanhavam tudo aquilo sem piscar, não sei se por medo ou talvez pelo susto de estar vendo uma imagem inacreditável. Minhas pernas não ousavam dar sequer um passo adiante, nem fugir era uma escolha fácil, um simples movimento eu seria engolido pelo pavor que aquele local transmitia. E a névoa, sem mudar seu rumo, seguia o caminho que os lamentos proporcionavam a ela.
Ao som do primeiro relâmpago, após o início do choro, eu voltei para o meu estado de sensatez, puxei novamente o ar para os pulmões, agora um ar fétido e intragável que me deu vontade de tossir, mas o mínimo barulho podia trazer a atenção daquele ser irreal, comecei a andar levemente ao seu encontro, até que os lamentos se cessaram, ai então eu ouço as palavras ditas pela névoa:
__ Chore minha bela alma,
Chore para todos ouvir,
Chore os teus lamentos,
Que nele eu posso partir.
Sua voz era tão incomparável quanto sua beleza, aquilo me encantou, na verdade me hipnotizou, fazendo com que eu fosse cegamente aos seus pés, vi seus lindos olhos que iluminavam meu caminho até ela, toda a neblina que se formava de seus cabelos ia me abraçando e me espremendo, os galhos das árvores me puxavam para traz, mas minha força os vencia, eu estava querendo, de todo modo, chegar até ela, não importava os desafios que apareciam no meu caminho a vontade de tê-la mais perto de mim me impulsionava.
Mas o choro começou novamente e acordei do transe, a vi dançando de novo, só que desta vez algo me chamou a atenção, algo que eu não havia visto por estar muito longe, outra névoa estava na colina e esta estava sentada no chão chorando e sua voz criava aquela ladainha tenebrosa que todos os habitantes da colina ouviam.
Fui me aproximando da segunda névoa sempre me protegendo daquela que dançava, cheguei o mais perto que eu pude, daí senti uma força que gelava o meu corpo, quase como uma áurea em volta das duas névoas, aquilo me congelava por dentro, meus ossos se contorciam à medida que eu tentava mexê-los. Me arrastando consegui chegar cada vez mais perto daquele ser medonho e a cada centímetro que eu me aproximava, mais gelado era o ambiente.
__ Chore minha bela alma,
Chore para todos ouvir,
Chore os teus lamentos,
Que nele eu posso partir.
Até que eu toquei na névoa, minha mão já parecia uma pedra de gelo, mas quando eu relei em seu corpo esvoaçante seu choro parou instantaneamente e nisso novamente eu ouço a voz da névoa dançarina:
A alma tampou os meus ouvidos para que eu não me iludisse novamente, assim aquele gesto me mostrou o que na verdade estava acontecendo:
Eram duas almas perdidas e uma usava a outra para conseguir voltar à vida, sendo que fosse uma vida imortal. Esta precisava de uma alma de alguém que sofreu a vida inteira para utilizar os seus lamentos num ritual de vida após a morte. Só que esse ritual só podia ser feito a noite e como a segunda névoa não queria ser usada para um motivo sórdido nunca terminava a sua parte, sendo assim o seu choro de lamento assombrou a cidade desde o dia de sua morte.
Eu, nessa situação, me senti obrigado a dar um fim nos sofrimentos daquela pobre alma e então com o meu corpo já regenerado cortei as palavras daquele espírito e disse comigo mesmo:
__ Cale a boca ser amaldiçoado, ser sem um sentimento eterno, cale a boca demônio das sombras, você merece ir para o inferno.
A alma parou com sua dança e caiu no chão com tamanha força que começou a rachar o solo, nisso ela levanta e troca todo o seu belo formato por uma aparência de um monstro e começou a vir na minha direção, mas no primeiro passo que ela deu algo começou a puxá-la para dentro da terra, assim foi engolida por uma fenda de chamas e lamentos.
Após isso vejo todo a escuridão e tormentos da colina se dissolvendo todo o ar de medo e terror vai sendo sucedido por belas flores e um vede imenso, então a segunda alma se levanta do chão e fala a seguinte frase:
__ Vivi a minha morte toda esperando um ser vivo me retirar do sofrimento, hoje estou livre para descansar pela eternidade, a você dou o meu pedido de perdão e o dom do esquecimento: nada aconteceu aqui e nada mais acontecerá.
Nestas palavras ela começa a flutuar em direção ao céu e eu desmaio num tapete de gramas macias e cheirosas, só fui encontrado um dia depois e deste dia em diante nunca mais se ouviu a voz da colina das lamentações.

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