Olá pescadores de plantão agradeço por passarem aqui no meu Lago dos Sonhos e peço pra que, se possível, vcs deixem comentários sobre os textos, afinal sem eles naum terá como eu saber se estão ou não gostando do blog.


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ASS: Pescador de Sonhos



segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Uma jornada para a vida - Parte I: O início

Que legal ir ao um parque, que legal se divertir num parque, mas o que não é nada legal é sofrer um acidente em um parque.
Cinco jovens quando andavam na montanha russa, por motivos de falta de manutenção do brinquedo, seus cintos estavam frouxos e se soltaram de uma altura não tão grande, mas que poderia levar a morte.
Quando sentiram seus corpos desgrudando com imensa força do assento do brinquedo pensaram ter morrido, mas não foi exatamente o que aconteceu.
Os cinco estavam vivos e dormindo em camas de folhas tão aveludadas quanto as pétalas de uma rosa.
_ Até que em fim vocês acordaram. Dos que eu fiquei encarregada vocês são os mais dorminhocos_ disse uma fada linda de cabelos cor de ouro e olhos cor dos céus, sua silhueta era de invejar qualquer miss do mundo.
_ Encarregada? Então não morremos?_ Helena perguntou.
_ Bem estão mais mortos do que vivos no mundo de vocês_ explicou Celeste, a fada.
_ Como assim, estamos no céu?_ perguntou John, o mais velho e dito chefe dos cinco.
_ Não. Estão num lugar onde reclamarão por suas vidas e para isso terão que se submeter a três provas que vão testar se vocês podem ou não continuar vivos na Terra.
_ Mas, porque nós, não poderíamos só morrer como acontecem com os outros?_ retruca Marcos, o caçula e mais pessimista da turma.
_ Marcos, pare de pedir para a morte, garoto idiota_ diz Clarisse a meio-irmã de Marcos.
_ Mesmo com seu tom pessimista irei responder: Ao caírem daquele brinquedo suas almas ficaram soltas do corpo, pelo fato de vocês terem levado um susto ao morrer, assim quem sofreu o acidente foram seus corpos e não suas almas, por isso que poderão ter a segunda chance.
_ Se é a única saída daqui então nós vamos fazer a prova, explique-nos como devemos começar_ disse o mais decidido da turma, e este era Roni.
_ Começar vocês já começaram, mas digo novamente só saíram daqui quando terminarem as provas, a cada prova que se submeterão vão poder escolher entre continuar na jornada ou voltar para a Terra, mas quanto mais longe da terceira prova vocês decidirem sair menos chance terão de sobreviver.
_ Pelo que eu entendi estas provas valem exatamente a nossa vida, então nela não vamos correr o risco de morrermos?_ novamente Marcos com suas idéias pessimistas.
_ Vocês correrão sim esse risco, neste mundo as criaturas malignas estão transitando em maior quantidade que as do bem como eu. E por isso presentearei vocês com as seguintes relíquias: Roni receberá a Coroa das Chamas, com ela você poderá controlar o fogo ou fazer até a água virar uma chama viva como se esta fosse álcool; Helena terá o Colar dos Oceanos, assim controlará tudo relacionado a água, como os peixes; Marcos receberá as Pulseiras das Montanhas, com um simples olhar criará terremotos ou fará montanhas nascerem do solo; o Anel das Tempestades ficará com Clarisse, com ele você poderá transformar o dia ensolarado em uma manhã chuvosa ou poderá fazer uma leve brisa virar um furacão enorme; E por fim John ficará com o Punhal do Universo, sendo assim controlará todas as outras relíquias podendo até neutralizar seus poderes, isso além de poder controlar tudo que possui vida. Agora que já têm suas armas sigam sempre para o norte e lá acharam as provas, vou estar sempre com vocês, porém não me verão, isso só se eu quiser que vocês me vejam...
Nestas palavras Celeste some como se fosse uma nuvem ao vento, e os cinco jovens começam a sua jornada.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Vidas literalmente opostas

Olá, eu sou um antigo pobre cachorro de vários nomes, como Fido, Rex, Monicão, enfim, são tanto que, se eu falasse todos a vocês, consumiria no mínimo uma folha destas. Isso aconteceu por eu ser sempre jogado fora pelos meus donos humanos, mas prefiro ser chamado de pelo meu nome atual, que em minha opinião é o mais bonito, Manchado. Agora eu vou contar para vocês como eu o consegui, se prepare, por que esta história não é para qualquer um.
Lá estava eu com minha vidinha dita fácil, num dos bairros que eu mais gosto, o Cemitério de Boi, que ganhou esse nome devido ao grande número de açougues nele presentes, não sei como eles viviam com a concorrência, mas isso não vem ao caso agora.
Entrei no açougue do único humano de quem gostava: o Matador ou Mané para os menos íntimos (até que ele era igual a mim, tinha mais de um nome). Só que para a minha surpresa o Rafinha, meu futuro dono, e sua mãe estavam lá. Nunca gostei da presença dos dois naquele açougue, mas era lá que eles incansavelmente faziam suas despesas.
Sua mãe comprou um belo pernil temperado, refogado e pré-assado, era só esquentar um pouquinho, mas pra mim nem precisava. Por causa da minha fome e com aquele pernil dançando na minha frente, nem prestei atenção nas pelancas que o Matador jogara no chão e, sem querer, segui o Rafa e sua mãe até o carro deles, só que aquela chata da dona Filó não me deixou nem olhar a cor do carro e já foi jogando pedras em mim e o Rafa nem se mexeu, mas como? Com a sua mãe, ele não se metia. Comecei a latir de raiva.
Minha raiva foi tanta e meus latidos foram tão fortes que cheguei a acordar uma borboletinha brilhante que escreveu no céu com uma letra mais bonita que esta que você vê agora. Nelas dizia:
_ Um será outro, outro será um, cachorro será gente e vice-versa, até aprender a conviver e essa é a promessa.
No mesmo instante que acabei de ler, me senti estranho, olhei para o lado e vi dona Filó, só não a ataquei, porque um negócio me prendia, me controlei, olhei para o outro lado e vi o Rafa num quadradinho fora de onde eu estava e achei tão engraçado que comecei a dar risada. O Rafinha fazia todo o movimento que eu fazia, até na risada. Aquela mulher chata me perguntou o que estava acontecendo comigo, mas eu estranhei ela me chamar de Rafael até que me olhei e levei um susto: eu era realmente o Rafael, dedos sem pêlos e garras, cabelos loiros, olhos azuis, eu estava corretamente sentado numa poltroninha macia e um cinto de segurança me prendia, fiquei calmo e lembrei da borboleta; nisso dei um grito:
_ Dona Filó! Me leva pra casa.
Ela se assustou também, não entendeu nada e quase se descontrolou do carro e me prometeu que quando chegássemos em casa, eu levaria uma surra. Eu não queria nem saber, só queria voltar para o Cemitério de Boi, fiquei gritando a viagem inteira até que paramos no bairro Carrocinha, o que me apavorava, cachorro só entrava lá de coleira e nome no pingente. Fiquei com muito medo, mas lembrei que nada me aconteceria, eu era humano naquela hora, mesmo que eu não gostasse, eu era humano.
Saí do carro de quatro pés, dona Filó já me pegou pelo cangote e me levou para o quarto, eu achei que era o do Rafa, mas não era. Ela abriu o guarda-roupa e me deu uma cintada falando:
_ Não era isso que você queria, já está em casa, agora vai para o quarto.
Mesmo sem saber onde o quarto era me encontrei na casa, mas também vasculhei tudo, até chegar à porta do quarto que estava escrito “Cães raivosos! Não entre”. Achei engraçado, entrei e achei mais engraçado ainda, os tais cães eram miniaturas, tinha cachorro até no edredom. Enganei-me, não eram todos os homens que não gostavam dos cães, um exemplo era o Rafa.
Quando veio o Rafa na minha cabeça me lembrei da borboleta e de sua frase. Segundo ela, cachorro seria gente e vice-versa. Realmente eu não sabia o que era vice-versa, apesar de “culto”, eu não sabia, tinha que achar alguém para me explicar essa expressão, contanto que esse alguém não fosse a dona Filó. Andei mais um pouco pela casa e encontrei a Maria, que descobri ser a irmã mais velha do Rafael. Logo que eu perguntei o que significava ela começou a rir sem parar até me xingar de burro, apesar de eu ser um humano, porém ainda respondeu que era em sentido inverso.
Após a sua explicação, apesar de ter sido meio confusa, troquei as palavras: cachorro será gente e gente será cachorro. Nisso corri para a cozinha, mandar dona Filó me levar para o Cemitério de Boi, dando-lhe como desculpa que eu queria um doce que tinha visto no açougue do Matador. Ela, ainda brava e sem entender nada, pergunta:
_ Quem é esse tal de matador moleque dos diabos?
Eu disse que era o Mané onde ela comprara o pernil. E ela disse:
_ Só amanhã, amanhã.
Eu fiquei desesperado e perturbando “minha mãe” (hoje é assim que a chamo), querendo ir para o meu bairro querido, tendo sempre na cabeça o Rafael, como ele iria fazer pra ficar um dia inteiro sozinho naquele bairro. Com isso só ganhei outra surra, porém ainda iria para o Cemitério de Boi, no próximo dia.
Fiquei a tarde inteira deitado naquele quarto observando os cães nas prateleiras, os hidrantes que serviam como escoras para uma mesa com o formato de um disco, ossos desenhados para todos os lados, tudo parecia realmente o mundo dos cães, mas o meu pensamento estava todo voltado para o Rafa, todos dizem que vida de cão é vida fácil, porém não é bem assim e ainda mais se for um cachorro de rua. Esta era a única coisa que habitava a minha consciência até que Maria da um berro na porta do quarto:
_ Rafael! Seus amigos que vão passar a noite com você já estão lá embaixo te esperando.
Foi como se um trem tivesse me atropelado, estava sem sentidos, sem ação, não sabia o que fazer, mas não tive outra escolha, tinha que passar noite inteira com eles, mesmo não sabendo como é que se fazia isso. Quando cheguei até eles foram logo me cumprimentando e me dizendo tudo que iam fazer, sorte a minha que eles já tinham uma listagem desse “tudo”. Foi muito divertido passar a noite com eles apesar de eu não entender nada do que eles diziam, era brôu de um lado, mano do outro, uma loucura só. Dormi tarde e logo acordei, “meus” amigos já tinham ido embora e eu fui correndo acordar dona Filó. Ela me levou para o Cemitério, com raiva, mas levou. Eu só pensava em como fora dura a minha vida humana e como também foi difícil a vida de cão do Rafa. Quando lá chegamos, eu vi meu corpo feliz pulando no colo do Matador e dei um grito:
_ Rafael!
Ele olhou para mim nele e pulou do colo do Mané correndo e correndo na minha direção e eu na dele. Quando nos tocamos um relâmpago de luz e brilho caiu do céu que estava mais limpo e azul que o próprio oceano, eu olhei para cima e vi o rosto do Rafinha olhando com lágrimas a minha face e desse dia em diante passei a ser chamado de Manchado, o cão que foi gente.