Olá pescadores de plantão agradeço por passarem aqui no meu Lago dos Sonhos e peço pra que, se possível, vcs deixem comentários sobre os textos, afinal sem eles naum terá como eu saber se estão ou não gostando do blog.


Também se puderem, deixem seu e-mail para q eu possa agradecer os comentários e a visita.


Bjus e espero que gostem


ASS: Pescador de Sonhos



sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Três anos


Tinha acabado de levantar, foi ao banheiro realizar o seu ritual matutino, depois ao quarto e lentamente abriu a cortina deixando a luz banhar o seu corpo que tão logo foi envolvido em água, trocou de roupa e andou lentamente como borboleta livre de casulos, chegou até a porta, sentiu uma fisgada no peito, novamente dormiu.
Acordou numa sala branca. Paciente deitado em maca. Logo ao lado uma presença desconcertante, quase tão paradoxal quanto o amor de Camões, algo que existe, mas invisível, que revirava o estômago e deixava leve, que lacrimejava os olhos e enchia de alegria, que apertava o coração e dava confiança.
Desta presença, uma voz que sustentava e elevava os sentimentos descritos anteriormente. Desta voz o decreto: três anos.
Tinha acabado de levantar, foi ao banheiro realizar o seu ritual matutino, depois ao quarto e lentamente abriu a cortina deixando a luz banhar o seu corpo que tão logo foi envolvido em água, trocou de roupa e andou lentamente como borboleta livre de casulos, chegou até a porta sentiu estar num dejavú. Lembrou do sonho: três anos. Era difícil para ela entender e na verdade nem o queria, mas acho que vocês já compreenderam sua situação. Por mais que eu queira ajudá-la meu plano material é incompatível ao dela, o mesmo para vocês, por isso peço: Simplesmente ouçam, o que acontecerá, acontecerá independentemente da vontade minha e de vocês.
Era só um sonho. Continuou sua rotina. Café negro e amargo, não havia melhor café que aquele. Os filhos já a seus pés. Não tinha coisa mais bela que aquilo. Já tinha se despedido do marido há pouco tempo. Tudo era mais colorido naquele dia, até as moscas que sobrevoavam as panquecas produziam uma orquestra maravilhosa com suas asinhas incessantes.
Já estava sozinha, enfim só, uma casa e um corpo que se entrelaçavam como uma só entidade, de repente uma presença, talvez a mesma do que ela pensava ser um sonho, em seu ouvido ecoava: três anos. Chorou de soluçar. Um dia que de beleza virou inundação por uma simples frase que nem ao menos entendia.
O que eram três anos? Seriam datas pré marcadas para acontecimentos, ou simples lembrança do não acontecido, ou até, simplesmente três anos. Não sabia o que era e nem o queria saber, mas aquilo era até mais desconcertante que a presença. Seria ela Deus, seria ela espíritos, seria pura imaginação. Só tinha certeza de que era presença.
Logo chegaram marido e filhos, perceberam diferenças, mas não quiseram comentar. Nem quis dizer alguma coisa tinha medo de ser dada como louca, já que ela mesmo pensava o ser.
Passava-se o tempo, dias viravam meses como sessenta minutos vira uma hora. O passado ficava na lembrança, demorou todo esse tempo pra esquecer o sonho, pra dizer pra ela mesma que estava novamente sã. Mas não sabia que não existe seres sãos, não sabia que sanidade era somente uma palavra sem veracidade. Estava louca desde quando nasceu, como nós mesmo, que estamos desde o nosso nascimento.
Decidiu sair de casa, aquilo que antes comungava-se tão bem a ela foi perdendo a cor, rachando-se e rejeitando o seu corpo como um organismo rejeita parasitas, até as moscas voltaram para a sua naturalidade de bicho nojento. Andava lentamente como lagarta a procura de um bom lugar para fechar-se no seu casulo, começou a vir a mente aquilo que antes esquecera: três anos. Três longos e belos anos que deixou para trás, avisaram-na e só se lamentou querendo compreender o que era três anos, passou esse tempo todo pra esquecer da presença.
Agora é que me retorço de remorso, pois nada posso fazer. Vejo ela caminhando e cada vez mais perto do ponto final, do término de três anos, sem poder nem ao menos segurar o seu gélido braço, sem ao menos poder enxugar seu pranto ácido, sem ao menos poder pedir pra ela voltar. Simplesmente vejo, seu andar entortecer, seu desfilar definhar, o seu corpo se jogar, pois agora que era sã viu estar numa ilusão, viu que era uma presença, e que não faria falta, viu que a vida passou sem tomar proveito, viu que sua vida não passou de meros três anos.

sábado, 19 de setembro de 2009

A única certeza



Se pé de coelho desse sorte
Coelho, que tem quatro, não teria tantos filhos
Se Ferradura desse sorte
Mulher de cavalo não seria uma égua
Se trevo de quatro folhas desse sorte
Um geneticista produziria trangênicos
Se figa desse sorte
Não seria falsidade fazer figa atrás das costas
É só para te conformar
Que dizem que algo traz sorte
Pois vivemos numa terra em que a única certeza
É que por mais sortudo que seja
Sempre no fim haverá a morte

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Do Nilo, Danila

(Poema em homenagem a minha amiga do peito Jéssica Danila Portolani)

O Egito precisa do Nilo
Pra ver seca transformar-se em flor
Ver deserto mutar-se em plantação
Ver amarelo virar verdor

O Egito precisa do Nilo
Como um simples peixe que precisa do mar,
Uma reles árvore que precisa da terra,
Um mero mortal que precisa do ar

O Egito precisa do Nilo
E para sempre precisará
Pois sem Nilo, Egito não é Egito
E sem Egito, Nilo sempre será

Enquanto o Egito precisa do Nilo
De ti preciso eu
Enquanto tento ser seu Egito
Tu Danila já és o Nilo meu

sábado, 5 de setembro de 2009

Raridades da vida



Tive tempo de pensar
Quanto tempo viveria
Podia até calcular
De quais mortes morreria
Mas o tempo era a areia
Que corria da ampulheta
Era sangue pela veia
Que um dia secaria


Tenho tempo de escrever
Os meus feitos destes dias
Quando pensei em morrer
Na mão daquelas vadias
Mas o tempo era a pilha
Que funcionava o meu relógio
Era um naufrago numa ilha
Inundado de remorso


Terei tempo de decompor-me
Agora que estou em paz
Não sou mais o mero homem
Que tem tempo e nunca faz
Pois o tempo que era areia
E que minha veia secou
É o mesmo que era pilha
E que na ilha naufragou