Escolhi uma única rosa
No meio de tantas num jardim
O estranho é que a escolhida
Ainda era invisível a mim
Por que foi ela entre tantas
Que eu poderia ter colhido
Alguns diriam ser acaso
E a esses não dou ouvidos
Talvez tenha sido pelo fato
De vê-la invisivelmente
Contemplar sua beleza
Como contemplar um ser ausente
Mas mesmo com a ausência
Sinto suas pétalas aveludadas
Acariciar o meu rosto
Com a brisa da alvorada
Mesmo sem vê-la
Um vulto moreno dança
Como borboleta que ao vento
Com graciosidade se lança
Sem falar no seu perfume
Seu doce e inodoro aroma
Que me enlaça com ternura
Que me envolve e me doma
Porém ainda não sei
Qual porquê de a escolher
Mas sei que num mesmo jardim
Se não fossem as flores diferentes
Eu ainda colheria aquela
A minha rosa ausente