Olá pescadores de plantão agradeço por passarem aqui no meu Lago dos Sonhos e peço pra que, se possível, vcs deixem comentários sobre os textos, afinal sem eles naum terá como eu saber se estão ou não gostando do blog.


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Bjus e espero que gostem


ASS: Pescador de Sonhos



quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Como


É como acordar sozinho

Num canto escuro açoitado

É como olhar para o teto

E vê-lo não ser o de ontem

É como sentir um vazio

Que corrói como solvente ácido

É como estar defronte

Com aquela que estava ao seu lado


Eu como as minhas memórias

Como uma praga a plantação

Eu como as minhas mentiras

Como um mendigo esfomeado

Eu como como criança

Porcarias, lama e pecado

Eu como e vomito em palavras

Como o poeta sem coração

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Vagas lembranças


Vi-te hoje, foi estranho.

Estava eu de volta às minhas aulas de karatê, com aquele kimono unicolor, andando em círculos como mandara meu sensei. Ichi – Ni – San – Yon – Go, e assim por diante, até ver na janela o seu rostinho de princesa me olhando com aquele sorriso meigo, pelo qual eu havia me apaixonado.

Me desliguei da contagem de voltas, afinal você estava ali na janela me olhando. Não que tenha sido sua culpa, ela foi toda minha. Era eu o tolo apaixonado que te olhava embasbacado com a beleza que aquela garotinha podia ter.

Não sabia se já chegara à tão esperada volta Ni Ju, só corria e te olhava, até trombar com meu sensei com seu ar reprovador. Já não ligava mais para aquele olhar, aquele que me importava estava ali na janela ou era o que eu pensara ao te procurar para o último sorriso de adeus. Não havia nem vestígios seus naquele batente, talvez não houvera nem seu sorriso meigo.

Meu corpo gelara na hora e ao piscar meus olhos lá eu estava atrás da escola cavando pequenos buracos para guardar os nossos tesouros. Estávamos em amigos, mas para que eles, se já a tinha ao meu lado. Pegamos um na mão do outro e fomos para nossa aventura, passaríamos por um estreito: de um lado um precipício com seus intermináveis cento e cinquenta centímetros do outro uma floresta de espinhos que dava para a cerca da escola. Nossa missão era simples chegar ao outro lado e cada um pegar um pedaço do diamante que nos esperava no final do caminho.

Íamos eu a sua frente e você atrás segurando a minha mão. A passagem era difícil, mas estávamos juntos e isso me dava a força para continuar o caminho, sempre olhando para ver os seus lábios perguntando se já estávamos perto. Eu sempre dizia que estava logo ali, sabendo que logo ali nunca chegaria, aos poucos chegávamos a parte escarpada do estreito e lá era onde morava o nosso medo, se caíssemos tínhamos que começar tudo de novo e o recreio já se acabava.

Ao chegar mais perto virei para dizer que não se preocupasse, iríamos passar, mas onde você estava, como lá na aula de karatê você sumiu sem ao menos dizer adeus.

Sem pensar duas vezes pulei do precipício e como num último suspiro vi tudo a minha volta mudado, pessoas, várias delas, olhando para nós dois como se fossemos o centro das atenções, na verdade éramos. Eu de preto e você resplandecendo em puro marfim, liderávamos uma fila enorme de caipiras rebolantes que seguiam a nós e a uma voz que vinha do além, que trazia chuva, animais peçonhentos e obstáculos ao nosso passeio. Tudo que a voz dizia fazíamos, éramos marionetes puxadas por fios de onda sonoras, mas quem se importava com isso, a tinha depois de perdê-la já duas vezes, surfaria naquelas ondas, se na minha prancha você estivesse. Seguíamos as ordens da voz até aquela que me aterrorizava a alma. Ouvi estrondosamente como trovões a voz ordenar “Segue dama” e nisso vi-te ir para às mãos do caipira a nossa frente e às minhas também veio outra e outras, mas nunca a sua dávamos voltas infinitas. Ichi – Ni – San – ... – Hyaku – ... – Mugen.

E de novo sem ver rosto pela última vez. Poderia ter doído mais caso o visse e soubesse ser a última, mas ao menos eu saberia que era adeus.

Por que você fez isso? Será que mereço te procurar pra saber que não está mais ao meu lado. Quero que saiba que te esperei, intermináveis anos esperei. Ao menos pra te ver, dizer, não que gostava de você, mas que te amava, te amava como homem e não como o menininho de dez anos que era, talvez você não me amasse como eu amava ou como te amo ainda hoje.

Sei o porquê de você não estar aqui, não te culpo e nem a ninguém, apesar de parecer, mas ainda sim te esperei.

Espero ainda agora enquanto abraço meu travesseiro já ensopado pelos reflexos da minha memória que pelo meus olhos transbordaram. Espero, talvez em vão, porque é fácil ter vagas lembranças o difícil é sê-las no coração de quem se ama.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Ecle 3, 1-20


queria ser potro selvagem
que corre sem direção
que dorme na relva orvalhada
que cresce e se torna alazão
que cruza a vida cruzando
que gera a nova geração
que cruza desertos, campinas
que cruza qual brisa, tufão
que cruza areias de praias
que morre nos mares, paixão
pois todos os que da água vieram
a água retornarão