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ASS: Pescador de Sonhos



domingo, 5 de julho de 2009

Apelo a vida


Pantanal Mato-grossense, 12 de fevereiro de 2009

Meus caros animais racionais, que, apesar do nome, só provam o contrário,

Eu escrevo para lhes informar que minha espécie e eu estamos morrendo e que só dependemos dessa sua racionalidade para nos ajudar.
Eu, antes de vocês mudarem tudo, vivia livre com minha família, hoje morta para virarem roupa, contentavam-nos com míseros 300 quilômetros quadrados. Porém vocês vieram com suas florestas de pedras, forçando-nos a viver em uma área de 20 a 30 quilômetros quadrados. Sendo que, neste instante, eu e meus cinco irmãos estamos num caixote de madeira a caminho do zoológico.
Com falta de ar, peço que vocês não pensem em mim, e, sim, na minha espécie, pois eu já sou um caso perdido. Ouvi os humanos, que estão me levando, dizerem que ganharão uma nota preta vendendo-nos ao tal zoológico. E nós que somos de imensa importância para a dispersão de sementes e para o equilíbrio natural do planeta, estamos morrendo por sua causa.
Parem com as queimadas, não só pela minha extinção, mas pela preservação da Terra, pois sem as árvores o ar ficará extremamente prejudicado.
Meus pais morreram ontem e são os seus assassinos que estão nos escoltando ao zôo. Imaginem que um guarda do IBAMA nos parou no caminho, pensei que estaria a salvo, mesmo sem meus pais. Muito pelo contrário, o guarda sugeriu suborno aos caçadores que, para não serem presos, aderiram a idéia e pagaram-no. Quando estávamos indo embora, tornei a ver o rosto do guarda que dava um alegre e irônico tchauzinho.
As forças de todos nós estão se acabando. Um de meus irmãos já morreu e eu só penso que a minha espécie não vai conhecer suas novas gerações, e vice-versa. Se vocês não se conscientizarem, vamos nos tornar figuras do passado e existiremos somente na memória de quem possa, por ventura, ter nos conhecido.
Seremos como os dinossauros, mas com um processo de extinção desencadeado de forma diferente, eles naturalmente e nós, com a “ajuda” de alguns de vocês.
O ar já está quase se acabando nesta caixa e o cheiro dos corpos de meus pais já não é mais o mesmo, meus irmãos estão ganindo de sofrimento, quase não tenho forças, mas meu apelo deve continuar. Como eu já disse, não por mim, porém pela minha espécie e pelas outras tantas em extinção. Só para vocês terem idéia, na minha região, o número de espécies mamíferas em extinção está por volta de onze.
Paramos. A meu ver, chegamos ao zôo. Estou eu com dois dos meus irmãos mortos pela fome e pela escassez de ar na caixa.
Vejo várias outras espécies dentro de jaulas, maiores que meu caixote, mas, mesmo assim, as suas faces de desgosto e tristeza não se diferenciam da minha e da de meus outros dois irmãos, quase morrendo.
Antes, meu pai já havia falado do zoológico. Ele me disse que havia tanto animais da natureza quanto os nascido em cativeiro.
Agora que vejo como é isso na realidade, entendo o que meu pai disse e tenho pena de mim e dos outros animais, por estarmos aqui, e mais pena ainda dos nascidos em cativeiro, pois nunca sentiram o gosto da liberdade.
Com meu último suspiro, peço que pensem em tudo o que escrevi, pois sem vocês não somos nada, e vocês sem a natureza também serão extintos.

Sinceramente, talvez, até nunca mais.
Lobo guará

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